“Entender a
cultura significa, em última instância, entender
o que nos torna diferentes dos outros animais, o que nos torna
homens”, explica o lingüista e semiólogo Aldo
Bizzocchi. A declaração evidencia a importância
do ensaio Anatomia da Cultura – uma nova visão
sobre ciência, arte, religião, esporte e técnica,
que ele acaba de publicar pela Editora Palas Athena. Seu objetivo
é descrever a cultura por meio de um modelo efetivamente
científico e objetivo, que não se apóie
em opiniões ou juízos de valor.
Assim, valendo-se
de conceitos básicos da semiótica cultural, Bizzocchi
encara a cultura como linguagem e constrói uma teoria
original sobre o universo das práticas culturais humanas,
a partir da distinção entre cultura num sentido
amplo – ou seja, tudo que é criado pela mente inteligente
do homem e transmitido aos seus semelhantes – e cultura
num sentido estrito, isto é, as atividades voltadas ao
espírito, à elevação e ao aperfeiçoamento
morais do indivíduo e à preservação
dos valores de civilização de um povo.
Considerando ciência,
arte, religião e esporte como as atividades que compõem
a cultura no sentido estrito, Bizzocchi demonstra que elas existem
justamente para preencher o “vácuo” que se
forma sempre que os processos de cognição do homem
não estão a serviço das necessidades da
sobrevivência, mas sim do prazer. Nesse sentido, segundo
o autor, uma semiótica da cultura é também
uma semiótica do prazer.
Por isso mesmo, aliás,
ele não hesitou em sacrificar o rigor da linguagem científica
em benefício da clareza e da facilidade de entendimento,
proporcionando a qualquer leitor – acadêmico ou
não – uma leitura prazerosa. Afinal, como conclui
Bizzocchi, “na cultura o prazer é tudo”.
Aldo Bizzocchi é doutor em Semiótica e Lingüística
Geral pela Universidade de São Paulo professor do Programa
de Mestrado em Comunicação na Fundação
Cásper Libero e do Curso de Pós-graduação
em Lingüística da Unifieo.